Moscovo pretende colonizar a Ucrânia ocupada com 5 milhões de pessoas até 2030
A Rússia está a planear reassentar mais de 5 milhões de pessoas – provavelmente de dentro da Rússia – em territórios ucranianos ocupados até 2030. O plano terá sido discutido em Rostov-on-Don, na Rússia, durante um fórum chamado “Integração-2025”, no passado dia 4, sobre a incorporação de territórios ucranianos ocupados, apontou a publicação ucraniana ‘Kyiv Post’.
Petro Andryushchenko, conselheiro do autarca de Mariupol, na Ucrânia, indicou que o plano de colonização foi discutido no evento, mas questionou a sua viabilidade, observando que a população atual – em estimativas otimistas – é inferior a 5 milhões.
“Por exemplo, esperam aumentar o número de pessoas nos territórios ocupados (excluindo a Crimeia) para 10 milhões de pessoas até 2030. Hoje, o número real não chega a 5 milhões”, apontou Andryushchenko na rede social ‘Telegram’, garantindo que Moscovo repovoaria as regiões com russos vindos de dentro da Rússia. “Onde eles vão conseguir mais de 5 milhões? Isso mesmo – vão trazer da Rússia”, acrescentou.
Devido à escassez de mão de obra, Moscovo também confiou em trabalhadores da Ásia Central para ajudar a reconstruir os territórios devastados pela guerra sob ocupação russa e, às vezes, forçou-os a servir na linha de frente.
Em sua atualização, Andryushchenko também questionou as alegações de representantes russos sobre a população de Mariupol. “Continuam a adicionar o número de pessoas que retornaram. De acordo com seus ‘dados’, 329 mil moradores de Mariupol regressaram a Mariupol. Eu nem pergunto onde vivem tantos porque isso é quase tanto quanto a população adulta de Mariupol em 2014”, lembrou Andryushchenko.
No final de novembro, Andryushchenko disse ao ‘Kyiv Post’ que cerca de 130 mil ucranianos regressaram às suas casas nos territórios de Donbass ocupados pela Rússia em 2023 devido às dificuldades de viver como deslocados internos em territórios controlados por Kiev.
Andryushchenko também mencionou que as autoridades locais de ocupação até agora reconheceram apenas 600 apartamentos como sem dono nas suas tentativas de confiscar os lugares para os reassentados, questionando ainda mais as estimativas das autoridades de ocupação.
Em janeiro último, moradores de Mariupol — agora sob ocupação russa — apelaram ao líder russo Vladimir Putin por habitação depois de as suas casas terem sido destruídas durante os combates em 2022, sendo que as autoridades de ocupação anunciaram que não seriam mais construídas moradias compensatórias.
No final de 2022, a Rússia anunciou a anexação das regiões de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhia da Ucrânia após realizar ‘referendos’ em áreas ocupadas da Ucrânia. Kiev e os Governos ocidentais disseram que os votos violavam a lei internacional.